Forense Post Mortem na Cibersegurança – Um dado vale mais que 1000 palavras
Publicado em 12/07/2024
Escrito por iT.eam Tecnologia
Leia em 5 minutos
O termo “forense post mortem” sugere imediatamente a imagem de investigações realizadas após a morte de um indivíduo, normalmente associadas a investigações criminais. No entanto, no contexto da cibersegurança, “forense post mortem” refere-se ao exame minucioso e sistemático de um sistema de computador ou rede após a ocorrência de um incidente de segurança cibernética. Esta prática é crucial para entender como uma violação ocorreu, identificar os responsáveis e implementar medidas preventivas para evitar futuras infrações.
A forense post mortem é crucial na cibersegurança por diversos motivos:
Isso é fundamental não apenas para mitigar os danos, mas também para prevenir que ataques semelhantes ocorram no futuro. Ademais, as descobertas realizadas por meio da análise forense podem ser utilizadas como evidências em processos legais contra os responsáveis pelos ataques, reforçando o papel preventivo contra crimes cibernéticos.
Com isso, aprimora a preparação e a resposta a futuros incidentes. Organizações que investem em capacidades forenses robustas são frequentemente mais resilientes, conseguindo restaurar operações normais mais rapidamente após um ataque e melhorar suas defesas com base nas lições aprendidas.
A forense post mortem em cibersegurança envolve um conjunto específico de metodologias e ferramentas para a coleta e análise de dados digitais. Uma abordagem comum é a utilização do modelo OSI (Open Systems Interconnection) para examinar a comunicação em redes. Esse modelo divide a análise em camadas, facilitando a identificação de anomalias específicas.
Segundo Eleutério e Machado (2014), quando um arquivo é deletado do computador, o sistema operacional não o remove imediatamente do dispositivo. Em vez disso, desaloca o espaço que o arquivo ocupava, tornando-o disponível para gravação de novos arquivos quando necessário. Adicionalmente, o nome do arquivo não aparecerá mais ao listar o conteúdo do diretório. Portanto, quanto mais rápido o objeto em questão for preservado, maior será a probabilidade de recuperação das evidências armazenadas, incluindo a recuperação de arquivos excluídos, que muitas vezes ainda contêm a totalidade da informação original.
Além disso, ferramentas especializadas são cruciais nesse processo. Softwares como EnCase, FTK (Forensic Toolkit) e Autopsy são amplamente utilizados para realizar análises detalhadas de discos rígidos, sistemas de arquivos e outros tipos de dados digitais. Essas ferramentas permitem aos investigadores recriar e visualizar as ações dos atacantes, identificar malware e extrair evidências críticas para a investigação.
Ademais, técnicas como a análise de logs, pode revelar padrões de acesso não autorizados e ajudar a traçar o caminho do invasor através da rede comprometida.
A esteganografia (técnica para ocultar a existência de uma mensagem dentro de outra), a assinatura de arquivos e os horários e datas de modificação (mtimes) também são considerados durante a investigação, fornecendo uma visão detalhada das atividades maliciosas.
Realizar uma análise forense post mortem eficaz não está livre de desafios significativos. Um dos principais obstáculos é a rápida evolução das tecnologias e técnicas usadas por cibercriminosos. Ferramentas e métodos que são eficazes hoje podem se tornar obsoletos rapidamente, à medida que novos tipos de ataques e métodos de ocultação de evidências surgem.
Outro desafio é a integridade e a disponibilidade dos dados. Após um incidente, dados críticos podem ser corrompidos, deletados ou alterados pelos atacantes, dificultando a recuperação de informações precisas. Além disso, a criptografia, amplamente utilizada para proteger dados, pode dificultar a análise forense se os investigadores não tiverem acesso às chaves de decriptação.
As leis de privacidade também representam desafios significativos. As investigações forenses frequentemente envolvem dados sensíveis que podem estar protegidos por leis de privacidade, exigindo que a coleta e análise desses dados sejam realizadas de maneira que respeite esses regulamentos. Isso pode complicar a investigação.
O campo da forense post mortem em cibersegurança está em constante transformação. Com o aumento exponencial de dispositivos conectados e a crescente complexidade das infraestruturas de TI, a demanda por especialistas forenses qualificados continuará a crescer. A inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina (ML) estão sendo incorporados às ferramentas forenses para automatizar a análise de grandes volumes de dados e identificar padrões que podem passar despercebidos aos analistas humanos.
O uso de blockchain também está sendo explorado para criar registros imutáveis de eventos e transações, facilitando a rastreabilidade e a verificação de evidências digitais. Além disso, a crescente colaboração internacional entre governos, organizações e especialistas forenses está contribuindo para a criação de padrões e práticas recomendadas que podem aumentar a eficácia das investigações forenses globalmente.
A educação e o treinamento contínuos são igualmente essenciais. À medida que as ameaças evoluem, os profissionais de cibersegurança precisam se manter atualizados com as técnicas e ferramentas forenses mais recentes. Programas de certificação e cursos especializados são fundamentais para garantir que os investigadores forenses possuam as habilidades necessárias para enfrentar os desafios contemporâneos.
Portanto, a forense post mortem em cibersegurança é crucial para a proteção contra crimes cibernéticos. Ela possibilita uma compreensão detalhada dos incidentes de segurança, identifica os responsáveis e desenvolve defesas mais robustas. Esta prática fortalece a resiliência das organizações diante das ameaças cibernéticas.
Acompanhe outro assuntos sobre cibersegurança no blog da iT.eam.
Escrito por: Maria Eduarda
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